Granada - A Alhambra (fonte
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As rosas de Granada
Eu choro as rosas de Granada.
O seu perfume fluía pelas congostas,
Subia até às neves de Yabal Sulayr,
E só se detinha no jardim da minha amada.
Perto dela nenhuma flor abria,
Porque ela era pétala e perfume,
Vida, ar e luz.
Quantas vezes hei-de chorar-te, Granada?
Diz-me quantas,
E eu saberei quantas noites viverei ainda.
(Yabal Sulayr – Serra Nevada)
No oásis de Wadi-As
A minha amada descansava debaixo da tamareira grande,
Quando o Sol a cobria de sombra na luz vertical do meio-dia.
Todas as aves conheciam o caminho perfumado pelos seus pés
E alimentavam-se da fragrância que, descalços, eles deixavam na passagem.
Depois partiam para o Norte sem mais alimento do que esse etéreo,
Improvável odor a rosas de Andaluzia guardado na memória das suas passadas.
No oásis de Wadi-As,
Onde a chuva a dissolveu de mim.
Odeio a chuva
Todos se alegram quando a chuva chega,
Mas eu odeio-a porque muito amo.
Só na refulgência do sol é possível a miragem,
E só na miragem surge o oásis de Wadi-As.
É então que a minha amada caminha entre as tamareiras
E descansa à sombra da mais alta.
Sei que ela não é mais que essa miragem,
Que não há tamareiras em Wadi-As,
Mas, a quem não resta mais que ser enganado,
Até a mais falsa das miragens o conforta.
Quando a chuva chega,
Devolve a minha amada à terra de seus pais.
(Wadi-As – Guadix, na província de Granada.)
Poemas de Ahmed Ben Kassin, poeta árabe nascido em Granada cerca de 1470, e que acompanhou o rei Boabdil quando este foi expulso da cidade.