domingo, 22 de novembro de 2009

Erros de Português


Trocas o “xis” com o “ésse”?
Procura igual em Inglês.
Splendid não te parece
Esplêndido em Português?
“Dispendere” é bom latim.
Gastar dinheiro compensa,
Se o despendes com o fim
De encher, e bem, a despensa.
Podes ter uma obsessão,
E podes ser obcecado.
Faz acto de contrição
Se acaso já tens errado.
Obcecar é ficar cego,
Mesmo se é paixão simpática.
Como homem, faz-te estratego
Para escolher bem a táctica.
Confundes o indirecto
E o complemento directo?
Pois pensa no Brasileiro
Que é Português verdadeiro,
Um pouco mais a cantar.
Se ouves dizer “dei a ele”,
Para o mesmo afirmar
Diz “dei-lhe”, que é o legal.
Ou, se ouvires “eu vi ele”,
Não hesites, diz “eu vi-o”,
À moda de Portugal.
Confundes com os pronomes
A desinência verbal?
Pois aceita o desafio:
O “mos” em lugar dos nomes
É caso raro, tão raro,
Que convém é não dizê-lo,
E melhor não escrevê-lo,
Porque te fica mais caro.
Se “mos” puderes trocar
Pela forma feminina,
Então podes separar.
Como tens cabeça fina,
Vou já exemplificar
Com damas e seus bordados,
Ou com damas e com rendas.
Oh! que lindos! Dá-mos, sim?
(E só te pedi as prendas
Dos seus dedos tão prendados.)
Mas se eu te dissesse assim:
Oh! que lindas! Dá-mas, sim?
(Bem podiam ser as rendas...
Ou as damas. É o fim.)

26 comentários:

Anónimo disse...

Uma graça, caro Daniel! Um achado! E olhe que se aprende muita coisa. Assim se queira, não é? Uma crítica justa, pertinente e com muito humor. Hoje fui a primeira a iniciar os comentários, e esta?

Abraço da Sol

Mar-ia disse...

O Daniel e a sua fina ironia!
Linda a finura e mais o que "destes" e "deixastes" à reflexão.
Destes e destas coisas, para que melhor possamos aprender e apreender o que nos traz o futuro. Com a língua que é uma pátria de falantes, alargada, sem esquecer o sentimento da nossa história.
E ter a tolerância de bordar no rendilhado do presente esta sensibilidade do passado para compreender o futuro.
Que foi e será nosso, difundido por "guerreiros, trovadores, comerciantes ou monges".
Portuguesmente falando, claro.

samuel disse...

Quem disse que aprender é chato?!

jv disse...

Daniel, saber ensinar não está ao alcance de todos, mas isto em ti além de natural é também talento, e quando isto se combina resulta sempre na qualidade,deste e dos outros textos com que normalmente nos presenteias.
O assunto é pertinente,especialmente nos nossos dias de hoje, com a mania de se querer colocar em lei o normal funcionamento da língua, como se esta na sua evolução, não tivesse um percurso natural, resultante do meio,da cultura e da história de cada lugar, reflectindo aquelas genuínas particularidades,que nos
diferenciam e nos identificam com aquilo que realmente somos, tornando-no únicos, no todo que somos. Não fosse eu, um orgulhoso «pelacia».
Um abraço.
José Fernando

Anónimo disse...

Sol
Obrigado por esses raios a iluminar este espaço.
Mar-ia
Na vida há sempre lugar para um sorriso. Já basta quando nos falta o Sol, não é?
Samuel
E, se os professores nos tivessem sorrido mais, ter-nos-ia custado menos aprender as mesmas coisas que aprendemos.
José Fernando
Ser professor é um vício em mim. Se calhar, ainda um dia conto a origem dessa palavra bem nossa (pelacia), que a primeira vez que foi dita foi muito perto da tua casa.
Obrigado aos quatro.
Abraços.
Daniel

Unknown disse...

Hoje dei uma aula muito divertida com o teu texto e os alunos ficaram tão entusiasmados que pediram mais. Eu disse-lhes que ia interferir, mas que não prometia nada, embora o autor tivesse imaginação de sobra.
Daniel, não queres tentar um "de mais" e "demais","ter de" e ter que", a "a maior parte de", "uma grande parte de" e respectivas concordâncias?
Que as alturas te continuem a inspirar,Nobel dos Açores!

Anónimo disse...

Olá Daniel,
Os testes, sempre os testes, que nem sempre nos deixam tempo disponível para aqui passar...

Gostamos muito das rendas e bordados feitos língua, da comparação com "o Português com açucar", tão presente nas nossas vidas...

Abraço Lusitano

Mafalda e Francisca

Mar de Bem disse...

...e eu tenho que te dizer, Daniel, tens a obrigação de continuar!!!

"Noblesse oblige"!!!

A tua nobreza de carácter, não nos deixará órfãos das tuas palavras, desta feita, bem divertidas...

Beijaços!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
para não abusar dos abreijos............

Anónimo disse...

Lia, obrigado por fazeres de mim uma "celebridade" entre os teus alunos. Estou muitíssimo ocupado por estes dias (semanas... meses...), mas hei-de ver o que se arranja. Tenho uma sobre o "c" que, como parece que vocês gostaram desta, hei-de pôr aqui.
Gémeas-Já-do-Meu-Coração
É um prazer dar prazer. Obrigado.
Mar
Não é a "noblesse" que obriga, é a amizade de vocês.
Abraços.
Daniel

mariana disse...

A aula foi mesmo muito fiche, sobretudo a leitura e fizemos uma grande revisão sobre a conjugação pronominal.

Mar de Bem disse...

Mariana, sempre ensinei a minha filha a usar o dicionário. Eu ando sempre com ele atrás. A minha Mãe e minhas tias eram conhecidas pelas meninas do dicionário, já lá vão 80 anos!!! Eu sou da área das artes e não te sei ensinar português, mas vou sempre ao dicionário. Isto por causa do...

fixe

s. m.
1. Rectângulo!Retângulo de madeira ou ferro, sobre rodas, para sustentar a máquina do comboio.
adj. 2 gén.
adj. 2 gén.
2. Pop. Forma incorrecta!incorreta de fixo.
3. Que é firme; de confiança; honrado.
4. Legal, chocante, simpático.
interj.
5. Combinado! de acordo! óptimo!ótimo!
6. Bras. Compacto; inteiriço.

Podes pôr no computador, nos "FAVORITOS":
http://www.priberam.pt/

e procura dicionário. Depois:
"Clique aqui para aceder ao Dicionário Priberam!"

É muito importante escrever bem. Eu já sou sexagenária e ainda vou ao dicionário!

Beijinhos para ti, Mariana

Anónimo disse...

Gémeas
A vossa professora faz milagres.
Chamo-vos a atenção para a charada que vou propor à
Margarida
Com referência a uma passagem do teu comentário anterior, peço-te que decifres o seguinte:
Eu era conhecido pelo escritor das baleias. O Dias de Melo era conhecido por o escritor das baleias.
Abraços.
Daniel

Mar de Bem disse...

"Eu era conhecido pelo escritor das baleias. O Dias de Melo era conhecido por o escritor das baleias."

Ah, malandro que me "atazanas"!!!
Pode parecer ser a mesma coisa, mas há uma pequenina nuance de interpretação. (Eu tento perceber, mas tenho muito que aprender, olarila!).
P'ra já dão-te um ar mais prosaico, comezinho e generalista dizendo "pelo". No caso do Dias de Melo, já tornam a coisa mais requintada e enfática com o POR...e a seguir deviam pôr aspas no "o escritor...". Em o "por o"...estão a torná-lo único, como se não houvesse mais escritores das baleias!!!
Isto tudo para dizer que, pode parecer ser a mesma coisa, mas não é.
É o que penso. Errada ou não, é a minha opinião.

Seu maroto, mil beijinhos ternurentos e azuis-escuro, da cor do céu quando as estrelas estão mais visíveis.

mariana disse...

Peço desculpa pelo erro, mas confundi fixe com ficha.Estou em três anos apenas em Portugal porque os meus pais ficaram na Suiça por causa que são emigrantes.Vivo com uma tia e tenho-me esforçado muito e a professora me ajuda muito e manda-me fazer uma cópia por dia e corrigir os erros dez vezes cada um.Aprendi muito com a flexão verbal pronominal por isso vim conhecer o escritor.Desculpem se estraguei alguma coisa.
Obrigada, Dona Margarida. já segui os conselhos e ninguém fica mais triste do que eu quando dou erros.

Anónimo disse...

Mariana
Desculpa eu ter respondido como se fosse às gêmeas. Por teres referido a tua professora, que é a mesma, e porque o nome começa como Mafalda, fiz confusão.
Não te preocupes com o que vais errando. Alegra-te, sim, por cada palava nova que aprendes.
Um curiosidade: qual é a tua língua na Suíça? Será o Francês?
Posso enviar um beijinho?
Daniel

Anónimo disse...

Margarida
Apanhei-te. "Eu era conhecido pelo escritor das baleias" quer dizer que o escritor das baleias me conhecia. (Era conhecido por ele, percebes?) "O Dias de Melo era conhecido por o esritor das baleias" é o mesmo que dizer que era conhecido como o escritor das baleias.
Erraste ao escrever "eram conhecidas pelas meninas do dicionário". Isso estaria certo se "as meninas do dicionário as conhecessem". O que querias dizer era que elas "eram conhecidas por as meninas do dicionário" ou "como as meninas do dicionário".
Percebeste? (Estas coisas não vêm no dicionário.)
Escreve dez vezes a frase correcta.
Um abraço.
Daniel

LIA disse...

Olha o que eu andava a perder!
Em primeiro lugar vai um enorme beijo para a Mariana, que é uma aluna empenhadíssima e que leva o estudo a sério; depois vai um abraço para o escritor sabedor; em terceiro, uma gargalhada (verde alface) para a Margarida...

Mar de Bem disse...

Minha querida Mariana, estás a ver que eu, mulher de 64 anos, ainda errei mais do que tu?
A gente aprende mais quando, ao errar, lhe ensinam o certo, o correcto.
Desculpa-me, minha querida Mariana, se te perturbei. É que eu tenho a mania de corrigir (aquilo que sei), para que as pessoas se melhorem.
Agora o que tens de fazer é o mesmo que eu: nada de vergonhas, nada de deixares de aqui vir, dizer de tua justiça, até mesmo porque tu escreves melhor do que a maioria dos jovens da tua idade. Tu és empenhada, isso percebe-se. E mereces que te tratem com respeito. Eu aqui, por ter muito respeito por quem está começando a vida, resolvi corrigir-te exactamente para te melhorares. Eu não estou aqui para dar notas. Eu estou aqui para ajudar quem merece ser ajudado, porque quero um mundo melhor.
Pela tua maneira querida de escrever, pela tua maneira triste de te justificares, pela tua maneira humilde de conversar connosco, eu quero que sejas a melhor. O teu esforço será recompensado.

E por causa disto tudo, gosto ainda mais de ti.

Daniel, apanhaste-me!!!!...mas como não tenho vergonha...continuo aqui!!!

Beijocas rosa-choque p'ra ti, Mariana, p'ra ti Daniel e p'ra ti, mana Lia

Anónimo disse...

Lia
Deixa lá os elogios. A amizade basta.
Margarida
E pensas que, se eu julgasse que ia perder a tua companhia, te corrigiria? Nem com uma flor!
Mariana, eu sinto-me muito honrado com a tua presença. A sério.
Abraços.
Daniel

mariana disse...

Um grande beijinho e muito obrigada.Continuarei a visitar o Espólio sempre qe puder.
Os meus pais falam o Francês mas também outras línguas porque já tiveram que tentar a vida em vários sítios e está muito complicado e afora as saudades que sinto.

mariana disse...

Um grande beijinho e muito obrigada.Continuarei a visitar o Espólio sempre qe puder.
Os meus pais falam o Francês mas também outras línguas porque já tiveram que tentar a vida em vários sítios e está muito complicado e afora as saudades que sinto.

Anónimo disse...

Mariana
Era o que eu imaginava. Na tua escrita nota-se influência da construção sintáctica do Francês. Seria mais difícil a tua aprendizagem do Português se viesses do Alemão.
Um beijinho.
Daniel

Mar de Bem disse...

Mariana, vou confessar-te uma coisa, que até me envergonha, pela minha falta de tacto em situações que esta minha mania de corrigir torna incómodas.

Ao sair dum avião, creio que na Graciosa, o comissário de bordo desejou-me uma boa estadia. Em vez de me calar e apenas agradecer, não senhor, tive que abrir a boca para corrigir: Estadia, não! Estada! Estadia é para os barcos nos portos; estada é para pessoas.
Havias de ter visto a cara do homem! Olhou para mim como se eu fosse um ET!!!

Estás a ver como esta mania de pôr toda a gente a falar correcto, me pôs numa situação incómoda? Mais valia ter ficado calada...

Isto tudo para te dizer que não medi o incómodo que te dei ao corrigir o FIXE. Mas tu na vida vais ter coisas mais chatas do que esta.E esta foi duma pessoa que nunca quis magoar alguém.
SÓ CORRIJO GENTE QUE VALHA A PENA!!! Os outros, não lhes ligo. Não perco tempo com eles...

Beijinhos, Mariana.

Anónimo disse...

Ai Margarida, que te ponho de castigo. Faz o favor de seguir o conselho que deste à Mariana. Percebeste?
Um abraço.
Daniel

Mário disse...

Aprender a corrigir os erros de uma maneira tão invulgar, nem custa nada.Até fizemos leituras plurais com exercícios muito "fixes"!!!!
Parabéns, sr Daniel

Daniel disse...

Obrigado, Mário. Como é bom saber que há brincadeiras (foi o caso deste poemeto) que servem para coisas sérias!
Um abraço.
Daniel