sábado, 12 de fevereiro de 2011

Ahmed Ben Kassin (6)



Igreja de Mondújar, antiga mesquita onde foi sepultada Morayma

O rei Boabdil chorando a morte de Morayma

(Segundo um texto publicado pelo jornalista de Almeria Jesus Pozo, numa altura em que Fernando de Castela tinha como prisioneiros os filhos de Boabdil, este lamentou que a morte nunca quisesse nada consigo. Pouco tempo depois, Moyrama, a mulher que ele amou apaixonadamente, consultou o astrólogo Ben-Maj-Kulmut, que previu para o rei uma vida longa para que pudesse sofrer muito. Morayma sobreviveu pouco tempo à queda de Granada, e, apesar de Boabdil ser um homem ainda novo, não voltaria a casar-se.)


Morayma, minha amada, minha amada,
Já não sentes as carícias das minhas mãos
Nem o calor dos meus beijos.
Mas se eu pudesse deitar-me a teu lado,
Até no frio do teu corpo me aqueceria ainda.
Disseram os astros (ou foi maldição?)
Que longa me seria a vida
Para que longo fosse o meu sofrer.
Mas a minha dor é muito maior do que mil anos de vida.

Morayma, minha amada, minha amada,
Quem poderei culpar pela nossa morte?
A que Deus, a que demónio, a que força do destino
Atribuirei as culpas de estarmos mortos?
Ferindo uma só vez a morte fez duas mortes.
Morayma, minha amada, minha amada,
Como viverei sem ti?
Morayma, minha amada, minha amada,
Como poderei viver só com metade de mim?
Morayma, minha amada, minha amada,
Como viverei sem mim?

9 comentários:

Anónimo disse...

Olá, Daniel!

De arrepiar este poema de Amor.

Gostámos sobretudo disto:"Morayma, minha amada, minha amada,
Como viverei sem mim?"

Beijinho

Mafalda e Francisca

Anónimo disse...

Obrigado, queridas amigas. É uma lufada de ar fresco a vossa passagem por aqui. Darei o recado ao Ben Kassin...
Um par de beijos.
Daniel

Elisabete disse...

Quem não quereria ser assim amada?

Ibel disse...

Amigo

Acabei de postar um poema teu sobre Emanuel Félix no FacebooK, porque o Urbano estava a recordá-lo e uma senhora, Marisa Pereira, citou o Espólio.
Eu já o tinho lido nesta tua janela onde as paisagens são sempre variadas e refrescantes.É delicioso.
Abraço.

Anónimo disse...

Elisabete
Há quem seja.
Isabel
Nunca me levei a sério como poeta. Não sou capaz de escrever um poema, ou algo que se lhe assemelhe, sem mais nem menos. Quase todas as poucas coisas que tenho feito são “versificações” de situações concretas. Este Boabdil amou mesmo de uma maneira extrema a sua Morayma. Foi um rei trágico, de um tempo em que a cultura árabe atingira o máximo esplendor cultural e afectivo.
Abraços.
Daniel

samuel disse...

Particularmente bonito!
Como este triste presente, que tenta matar em nós o nosso lado melhor...
Falar disso é já um passo para resistir... para o não perder.

Abraço.

Eduarda disse...

«Versificações»,Daniel???!!!
Por quem sois... :))
Tu és Poesia.Quer queiras ou não,és um poeta.

Anónimo disse...

Samuel
Uma coisa aflitiva é que nem na tristeza destes fracos reizinhos há pelo menos um pouco de dignidade.
Eduarda
Claro que me envaidece o elogio. Seria demorado explicar por que razão não me considero poeta, pelo menos poeta de fazer poemas bem feitos. Ficará para correio particular.
Abraços.
Daniel

Eduarda disse...

Fico a aguardar.Não te vais esquecer,vais?

Abraço da que aprecia a tua poesia.