A Despedida do Rei Boabdil de Granada, Alfred-Dehodencq
Longo é o caminho
É longo o caminho quando a minha amada me espera,
E lento o meu ginete, o mais veloz de Granada.
Não há lugar com mais gente do que um campo de batalha
Nem maior glória que o cansaço do vencedor.
Mas eu estou só quando não estou com a minha amada,
E a minha glória é descansar a cabeça no seu colo.
Como são valentes os guerreiros!
Como é valente o guerreiro em combate!
Isnar morreu a meu lado sem um queixume,
Cid foi despedaçado pelas patas de um ginete
E não chorou.
Eu fui ferido profundamente duas vezes,
Duas vezes correu o meu sangue em abundância,
Duas vezes caí, duas vezes me levantei.
Mas ninguém soube da minha boca que estive quase morto.
Como é valente o guerreiro!
Quando disse adeus à minha amada, chorei.
Como é fraco o guerreiro,
Que até uma frágil donzela o faz verter lágrimas!
Como é fraco nos braços da sua amada
Aquele que não teme a morte!
Morayma vendo partir Boabdil
Da mais alta torre de Granada
Vejo partir o meu amado para a batalha.
Choro, mas sem lágrimas,
Porque quero perceber até o último grão da poeira
Levantada pelos cascos do seu cavalo,
Forte como a morte
E belo como a vida.
Eu temo a coragem do meu amado.
Ele despreza a vida
Porque sabe que, na sua morte,
Eu o amarei mais ainda.
Mas amar mais do que eu amo já é só dor,
Já só é tristeza.
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