Praia da Vitória (fotografia gentilmente cedida pela editora Ver Açor)
Três vezes o mar desceu. Três vezes o mar subiu. Deixou primeiro à vista destroços de naufrágios, cargas perdidas, desperdícios deitados à água. E, arremessando-se pela terra acima, destruiu quinze casas, entupiu caminhos com os detritos que levava, deixou estéreis cerrados e quintais. Entre a Praia e Porto Martins matou seis pessoas, as únicas que se sabe terem morrido nos Açores por causa dessa pavorosa inquietação do mar. Uns vinte minutos antes, ele galgara a rocha nos Fenais da Luz e subira as ruas ribeirinhas de Ponta Delgada. Outros vinte depois, inundaria a Horta. De passagem por Angra quase fizera naufragar os navios ancorados, e chegara à Praça dos Cosmes, que ainda não tinha idade para ser Velha. Umas seis ou sete horas mais tarde a sua fúria inaudita extinguir-se-ia no Golfo do México e nos fiordes da Noruega.
Dizem as crónicas que à mesma hora Lisboa ruía até aos alicerces, por causa do maior terramoto de que havia memória, e que destruiu vidas e cidades no Algarve, no Norte de África, na Andaluzia, onde a enorme onda ou maré, a que mais tarde se chamaria tsunami, completou a obra devastadora. Nesse dia um de Novembro de 1755, também o fogo, ardendo a partir dos limites aonde o Tejo não chegara, se dispôs a queimar pessoas e bens durante cinco dias de horribilíssimo inferno. Se a hora foi a mesma, tê-lo-á sido tendo em conta a que o Sol marcava. Porque cada terra só sabia do tempo exacto pela viagem da sombra de Oeste para Leste. No Reino, do Minho ao Algarve, a hora de Lisboa era a referência a respeitar. Por cá, cada ilha e cada lugar não teriam outra que não fosse a sua própria.
Mas esta Praia não é apenas a da Vitória guerreira, nome que receberia mais tarde por ali os absolutistas terem sofrido uma derrota vergonhosa. É também a vencedora deste e de outros desastres, o mais tristemente notável dos quais foi o terramoto de 1841, que a destruiu na sua maior parte, e que por isso ficou conhecido como a “caída da Praia”. Dois anos depois, estava “reedificada, com mais elegância que dantes tinha”. Disse-o a própria Câmara, em carta para a Rainha, D. Maria II. Nessa carta, de 16 de Agosto de 1843, era pedido à soberana que concedesse o título de “Barão da muito notável Vila da Praia da Vitória” ao governador civil, ou administrador-geral, José Silvestre Ribeiro, natural de Idanha-a-Nova, onde talvez já nesse tempo as touradas de rua fossem também a principal festa popular. Foi ele que teve a vontade e o talento de em tão pouco tempo fazer levantar do chão a vila e os povoados do concelho que como ela haviam caído. José Silvestre, que na Praia da Vitória tem um belo e merecido monumento com estátua desde o século XIX, foi um político brilhante. Ele mesmo, como soldado do Batalhão de Voluntários Académicos, tomara parte na batalha que valeu à vila os títulos que a disseram muito notável e vitoriosa. Deputado pela Terceira e por outras terras do Reino, além de muitos mais talentos teve também o de escritor.
Apesar de a Praia ser povoação muito antiga, pensa-se que o traçado das suas ruas é no essencial o primitivo. O que, pelo seu equilíbrio e funcional aspecto, prova que, como em Angra, aqui houve clarividente visão urbanística dos que a fundaram e nos primeiros tempos a desenvolveram. E este desenvolvimento foi tão rápido que já em 1498 tinha a sua Misericórdia, uma das primeiras que houve em Portugal.
A Praia da Vitória é bem o exemplo do que disse um dos seus filhos mais ilustres, Vitorino Nemésio: “A geografia, para nós, vale tanto como a história”. Muito do que ela sofreu e parte da sua glória devem-se às circunstâncias da sua geografia. E essa frase de Nemésio serviria muito melhor como divisa dos Açores do que aquela que consta no brasão de armas da Região Autónoma. Porque contém uma definição do que somos e do que podemos querer, muito mais do que a frase guerreira de Ciprião de Figueiredo, que nem sequer era natural destas ilhas e aqui esteve mais para defender os interesses do rei, primeiro, ou do pretendente a sê-lo, depois. E se lhe ficou bem, como fiel amigo de D. António, escrever a Filipe II que “Antes morrer livres que em paz sujeitos”, talvez tenha sido demasiada temeridade ou ligeira consciência sacrificar a leal gente da Terceira por uma causa perdida. Esta mesma ideia expressou J. G. Reis Leite quando escreveu, na Enciclopédia Açoriana: “Ficou no orgulho angrense esta primeira experiência de ser capital de Portugal, sede do portuguesismo e do nacionalismo exacerbado, esquecendo-se frequentemente do preço que pagou por esta ousadia.”
68 comentários:
Escolho o próprio Nemésio para “comentar” este soberbo post:
“Uma terra qualquer, vila ou cidade, é aquilo que o tempo depositou no seu âmago e que a nossa memória afundada assimilou e carreia. Mesteres, ruas, crenças, este assobio que passa e que entretece a noite, aquela badalada que a divide do dia e lembra um anjo a falar, o pobre bêbado errante e o cortejo nupcial que a atravessa, tudo é tudo. E mortos queridos, ausentes que não voltam, casas que se ampliam ou arrasam… O tempo roda enquanto as cidades ficam. Outras desaparecem ou ressurgem. A Praia da Vitória é dessas.”
(“Corsário das Ilhas”)
Muitos (ainda hoje) gostam de luzir gratuitamente nas lapelas o heroísmo e as vitórias dos outros, esquecendo-se do preço que pagaram... lá longe, quando quase todas as praças não tinham ainda idade para serem velhas.
Abraço
E ali tão perto o RAMO GRANDE, terras de farturas, escolhidas por quem foi donatário da Praia da Vitória: as melhores terras da Terceira...
...e os americanos lá as cobiçaram e nós orgulhosamente cedendo-lhes as mordomias... (só agora foram pagas as terras com que se locupletaram, para o aeroporto e adjacências, já lá vai muito, muito tempo!!!)
O orgulho de ser da Praia ou a moléstia de o não ser, pela voz do Povo:
Quem de dera ser da Praia
Ou na Praia ter alguém
Para ter o previlégio
Que a gente da Praia tem
Obrigado pelos pedaços de prazer com que nos brindas.
E assim ainda se procura fazer e refazer história: cita-se D.Maria II, José Silvestre Ribeiro, Vitorino Nemésio, Ciprião de Figueiredo, D.António, Filipe II, José Guilherme Reis Leite e manda-se para o anonimato as seis pessoas que morreram e as centenas que reedificaram a Praia em 1841....e assim sucessivamente.
Fica-se com a impressão que a história é feita por apenas meia dúzia de pessoas e são sempre as mesmas, graúdas e bem posicionads. Ram-Rams e Joões dos Ovos ficam apenas em duas ou três crónicas deste ou daquele escritor mais observador e no imaginário popular, enquanto este durar.
Obrigado, amigos, pela leitura e pelos comentários.
BRIAN, sábio SILVA
Agradeço que nos digas, porque possivelmente o saberás, que importância tiveram na história da Praia os mortos daquele dia, que foram os seguintes:
Mateus Teixeira, Simão Machado Evangelho, Catarina Teresa e sua filha Ana, Josefa Antónia e Manuel Vieira Luís.
Assim não Daniel. Percebes bem que o que está aqui em jogo não é o nome em si, mas a posição social dessas pessoas.
Se um dos mortos fosse o presidente da câmara, deputado paralamentar (não é erro ortográfico) ou outra figura graúda do nosso abençoada sistema, tu citavas-o ou não?
Mas o ponto ainda mais importante é que ficamos com a impressão que a história é feita por meia dúzia de eleitos e não por toda a nossa gente. Por outras palavras, há que deconstruir esse conceito de história feita por "homens fora de série" e construir uma história onde caiba todo o maranhal.
(Por exemplo, meu avô forneceu peixe para o barracão da Calheta durante 55 anos e não vem nos manuais históricos, enquanto houve príncipes em Portugal, que nunca chegaram a rei, nada fizeram a não ser grandes caçadas, e são objecto de teses de doutoramento)
Esqueci-me de dizer que não é "sábio"........é "sabichão".
Está bem, Brian, "quem construiu Tebas", não é?...
Pois então diz aí os nomes dos sete mil e quinhentos bravos do Mindelo.
"Antes morrer livres que em paz sujeitos". Forma e conteúdo num abraço fraternal.
Três vezes os olhos desceram Três vezes os olhos subiram. Fixaram-se primeiro na escrita,agarram cada palavra e a ela regressaram; depois captaram a lição de história, que é de todos nós, porque é Portugal que aí está nesse texto.E os nossos avós, talvez entre os destroços.Talvez.Mas alguém veio unir os cacos, (re)trazer esse passado numa praia vitoriosa, como quem sabe o saber dos que a vitória imortaliza.E viva quem sabe e quem pode!
Daniel,
Não sei os nomes dos bravos do Mindelo, mas sei de todos os reis de Portugal.....foi o que me historiografaram. E que Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil, sozinho naquela caravela, sem ninguém ao leme, sem ninguém para subir e descer as velas.
E Paulo da Gama foi o único que morreu na viagem que fez com o irmão, incrível, e sepultado na Terceira. E os outros, atirados à água? E quem foram eles?
A gente precisa de saber o que é que toda a nossa gente fazia no seu dia-a-dia, o que comiam, o que vestiam, o que diziam uns aos outros e não apenas daqueles que chegaram a encomendar aos cronistas a feitura das suas próprias vida.
Deconstruir, como disse Derrida, é necessário; reescrever a memória, como dizem Jacques Le Golf e George Duby, é pertinente mas fundamental.
Tá asno Brian, dessa maneira não há História nenhuma.
Eu tinha prometido a mim mesma não responder a comentários insensatos, mas vou quebrar a promessa.
Sr Brian,dá-se conta do ridículo das suas exigências? Então agora queria saber" o que é que toda a nossa gente fazia no seu dia-a-dia, o que comiam, o que vestiam, o que diziam uns aos outros"?
Pegue num livro de história, crie um blog e dê aos leitores lições de mérito, que a gente agradece.E não se esqueça de saber quantas vezes defecavam e arrotavam os pobres e os ricos e se todas tinham o mesmo cheiro. Isso sim é história!!!!
"Uma vez por semana, um trabalhador do senhor vinha numa carroça, com uns bidões, e recolhia o adubo humano para culturas" neste blogue.
É sim senhora, é história, mas antes do nitrato do Chile.
Carlos,
História há, claro, mas precisa de ser escrita? A escrita não é condição para o passado ser História. E se for vídeo, filme, pintado ou musicado, deixa de ser História? Mas entenda-se que com a escrita, alguns senhores reduziram a memória colectiva à deles, às suas famílias e aos seus interesses de classe.
E apenas uma mínima parte da nossa memória está e como está escrita. Se assim não fosse, não se escrevia mais sobre a Idade Média porque já há montanhas de livros sobre essa época.
Brian,
Você, tal como eu, é um obcecado pelo Espólio.Não desgruda.Gosta do cheiro.
Deixe-me corrigir-lhe um erro, sim?Tu citava-lo e não tu "citavas-o"
Acontece aos mais eruditos. Um abraço, amigo.
Brian
Brian, então uma questão muito mais simples: sabes os nomes dos pedreiros, carpinteiros, electricistas, canalizadores, pintores, bem como de todos os seus serventes, que fizeram a tua casa?
E quem reconstruiu Lisboa? O Sebastião José?... Nem pensar. O Manuel da Maia, o Carlos Mardel, o Eugénio dos Santos?... Tão-pouco.
Um abraço.
Daniel
Ibel,
Obrigado pela correcção. Mais do que um engano, é pura ignorância da minha parte.
Já agora, estaria correcto se eu escrevesse "tu o citavas ou não?"
Olha, se eu não gostasse de de como o Daniel escreve, eu não andava por aqui.Mais um vez obrigado e outro abraço para ti.
Anónimo,
Esse é precisamente o meu ponto. Eu não os conheço nem ninguém os conhece.Mas fazem eles parte da História ou não? Eu julgo que fazem mas deles aquela não reza.
Neste campo, a História costuma rezar deste ou daquele arquitecto, deste ou daquele ministro que apoia a obra, mas ignora quem executa a obra.
Quem decide os rosários da História?
Quando a História dum povo apenas se preocupa com uma parte dele, ela contribui para que aquele povo perca a sua identidade.
Cid e Ibel
Preocupado com as angústias do Brian, nem me lembrei de agradecer as vossas simpáticas palavras. Aqui fica a minha penitência e o meu agradecimento.
Brian
Há muitos anos já, fui convidado a falar numa homenagem que foi prestada ao Dr. Ruy Galvão de Carvalho, dando o seu nome a uma rua de Rabo de Peixe, e ao poeta popular José Amaral da Luz, com o descerramento de uma placa na casa onde nasceu. Coube-me falar em honra do poeta popular. E o tema que desenvolvi foi precisamente a falta de nomes nas nossas ruas, ou outras formas de homenagem, de alguns dos pedreiros, ou carpinteiros, ou agricultores, ou pescadores, etc. que garantiram a vida dos nossos antepassados e que garantem a nossa. O próprio Dr. Ruy Galvão aplaudiu entusiasmado as minhas palavrinhas. E desde esse dia fiquei amigo do Dr. Fernando Aires, que também gostou.
Entendido?
Daniel
Brian:
Você enganou-se no endereço. Aqui é um blog!!!
Aqui não é o repositório dos "textos sagrados" que fazem a História. Se você quer ser mais papista que o Papa, então não é aqui que deve vir.
...p'rá sua tese de "doutoramento" não é aqui que deve vir...
Meu Pai fez história, mas não vem na História. Aqui na Horta há ruas com nomes de gente que fez por esta cidade menos que o meu Pai, que devia, mas não tem nome em rua alguma. É assim a natureza humana, é ingrata para os seus maiores e deslumbra-se com um badameco qualquer. Você pensa que pode mudar este estado de coisas? Desengane-se. Náo muda, nem nunca vai mudar o curso da História, nem da mente humana...
Brian:
O Daniel e mais alguns poetas, felizmente lembram-se das abelhas obreiras...
(Excerto de um belo poema, que constitui a versão musicada que tive a honra de cantar, entre outras canções, no disco colectivo "Fala do Homem Nascido", de 1973)
"Poema de pedra lioz"
António Gedeão/José Niza
Álvaro Góis Rui Mamede
Filhos de António Brandão
Naturais de Cantanhede
Pedreiros de profissão
De sombrias cataduras
Como bisontes lendários
Modelam ternas figuras
Na brutidão dos calcários
Álvaro Góis Rui Mamede
Filhos de António Brandão
Naturais de Cantanhede
Ambos vivos ali estão
Ambos vivos ali estão
Truca, truca, truca, truca,
Vestidos de surrobeco
E acocorados no chão.
Samuel
É por essa e por outras que há muita gente que gosta de ti. (E outra que não gosta... Mas estes servem para provar que não és medíocre.)
Deixo-te uma pequena prova de reconhecimento. A parte final de um poema a que dei o nome de "Cântico da mãe escrva ao filho morto"
Ai meu filho, ai meu filho, tens escritas
A ferro e fogo as marcas do destino,
Na pele que era seda tão macia
E os olhos orvalharam de tristeza,
Ai meu filho, ai meu filho, estes que choram
Lembrando que de ti eu sempre soube
Que meu seria só teu sofrimento.
Como doía, ai Deus, e dói ainda,
O tronco, o viramundo, a gargalheira,
Ou a peia, a gonilha e os mais tormentos
Com que viveste a morte em cada dia!
Mas eu devia rir, que já não sofres!
Ai meu filho, ai meu filho, eu cantarei
“Aleluia! Aleluia!” Finalmente
És ave libertada, és anjo, és tudo
O que eu mais desejava que tu fosses,
Porque menos que a morte não podia
Da própria morte em vida libertar-te.
Meu Deus, que tristeza tamanha...
Daniel, como me fazes assim chorar...
Às vezes penso que percebo o que o Povo diz: "antes a morte que tal sorte!"...
Brian,
aqui vai mais um texto de Daniel de Sá para a sua tese de doutoramento, como diz a Margarida.
Segunda-feira, 18 de Fevereiro de 2008
500 000 soldados
Dia de chuva, cinzento lá fora. Dia complicado, cheio de afazeres, tempo apenas para ver o correio assim de fugida e pouco mais. É Daniel de Sá que me envia uma nota: «Tentando compensar a Leonor, envio este poema de Inácio de Sousa, um obscuro militar português que morreu durante a campanha da Rússia de Napoleão. Já estava doente (de tifo ou disenteria) quando o escreveu para a namorada.» Uma nota de quinhentos, portanto. Quinhentos mil.
Em baixo: "500 000 soldados"
Sete vidas mais uma: Daniel de Sá
Tu não verás quinhentos mil soldados
Morrendo cem mil vezes cada dia,
Na vida menos já esperançados
Que na morte, que Deus não abrevia.
Por estes campos, onde tudo é triste,
E todos os destinos desgraçados,
Feliz de ti, meu anjo, que não viste,
E não verás quinhentos mil soldados.
Não só tiros e espadas cá se temem,
Que em menos sangue é mor a agonia.
Cem mil vezes padecem, cem mil gemem,
Morrendo cem mil vezes cada dia.
Não ouvirás as queixas vergonhosas
De tantos mil valentes humilhados,
Que procuravam famas gloriosas,
Na vida já tão pouco esperançados.
Não me verás, meu anjo, não verás,
Mesquinho e triste neste último dia,
Já não esp’rando em ti encontrar paz,
Mas na morte que Deus não abrevia.
autor: Rui Vasco Neto
Já agora,aqui vai mais um contributo para a dita tese.
Oliendo - cheirando; trueno - trovão; llanuras - planícies; arrodillarse - ajoelhar-se; sábana -lençol; agujeros - buracos.
La niña amarga
Silencio de miedo y muerte.
Sangre en las hondas heridas.
Un fusil bordando a rojo
Sobre una tela de piel.
En el aire vuelan nubes
Del humo oliendo a la muerte.
Un último trueno sordo
Llega callado a Granada.
El monte busca llanuras
Porque quiere arrodillarse.
Federico se ha dormido
En un barranco de olivos
Entre Alfacar y Viznar.
Su piel, sábana de muerto
O tela de bordadora,
Que era de una sola pieza
Como túnica de Cristo,
Ahora tiene agujeros.
Tiene cinco heridas cinco,
Muy hondas, hasta su alma,
Abiertas por el fusil.
Tiene cinco llagas cinco
Como las llagas de Cristo
Federico duerme ahora
En esas bodas de sangre.
Vaso de muerte y de misa.
Daniel de Sá
Margarida
A escravatura é o que mais me horroriza em toda a história da humanidade. Muita gente tem sido morta pavorosamente, mas a própria morte faz parte da vida. Tirar a liberdade a uma pessoa é negar-lhe o direito de ser gente. Não falta quem descarregue a consciência apostrofando a Igreja por causa da Inquisição. Está certo, mas esquecem o papel que os Estados tiveram nisso. Mas da escravatura ninguém está livre. Todos, com raras excepções, foram culpados. E, enquanto a Inquisição matou uma média de sete pessoas por ano em Portugal, os escravos mortos durante igual período de tempo eram milhares. Os portugueses fizeram chegar às Américas cerca de quatro milhões de escravos. Com frequência, durante a viagem, mais de metade morria. Podes imaginar quantos milhões de vezes o horror se repetiu?
D. João V, por exemplo, fez leis muito "brandas" para o tratamento dos escravos. Magnânimo, não permitia que fossem aplicadas mais de cinquenta chicotadas num dia. 50, essa insignificância. Outro dos castigos permitidos era a abertura de feridas com uma lâmina nas costas, em que a seguir se deveria pôr sal.
Lia, obrigado por trazeres aqui esse meu poema, que faz parte de um conto sobre as campanhas de Napoleão. Outro mestre do horror.
Bem, com esses três poemas e uma visita que fiz ao blogue do Samuel, onde li "Quem faz o milho crescer? e os laranjais florescer?", julgo que a questão está encerrada e obrigado a todos pelos poemas Também visitei o blogue da Ibel, que gostei imenso. O da Margarida achei-o menos interessante........um bocadinho de snobismo. Lia, o nome do teu blogue?
Espero que o seguinte não cause mais desassossego.
Lia, gostei de sentir a tua mudança de atitude e o meu doutoramento, que nunca devia ser chamado práqui, foi feito nas oficinas de serralharia da Junta Autónoma dos Portos. As teses, porque foram mais do que uma, eram feitas na Adega Regional e no José Tavares.
Daniel, recebe cumprimentos do José Barbosa, repentista popular que teve o imenso prazer de te conhecer em 2005, num cantoria. Na homenagem ao Dr. Ruy G. de Carvalho, e ao fazeres a apologia ao pedreiro, carpinteiro e electricista, sentiste a mesma angústia que julgas que sinto agora? E em que ano foi essa homenagem? É porque se ela foi quando o PSD era governo, ela fez sentido, e como também faz sentido o que nos ofereces agora que parece ser progaganda governamental.
Samuel,
Sempre questionei as abelhas obreiras que apenas apareceram depois do nosso 25. Nunca perceberam que os cravos eram de estufa e que a água para os regar não eram da chuva. (ops, não vinha do céu)
Lia, puseste o "meu" Lorca aqui quando eu estava a dar a resposta anterior. Obrigado por mais este gesto de amizade e de apreço.
Brian, ou lá quem quer que sejas, lugar muito digno esse para um "doutoramento". Não ironizo.
Quanto às tais homenagens, foram bem no princípio do governo do PPD. Só não entendo em que vês propaganda governamental no que escrevo. E tão-pouco percebi se se tratou de ironia.
Brian
Por curiosidade, como soube do meu blog, se ele nunca foi aqui mencionado por ninguém???
Um pouco estranho...
Parabéns pelo seu doutoramento muito nobre e digo-o sem qualquer ironia,porque aprecio e comovo-me com as abelhas obreiras, quer as do antes quer as depois de Abril.
Abraço
Ibel,
Ainda não me esclareceste a dúvida que tinha acima: estaria correcto se eu escrevesse "tu o citavas ou não?"
Enapá,foi fácil saber do teu blogue. Nos comentários aqui, aparece um símbolo antes do nome da pessoaa dizer-nos se ela tem blogue ou não. A partir daí é só pressionar no nome da pessoa e conseguimos a ficha de inscrição.
Sobre as abelhas, há uma pequena diferença nelas que podes não notar, mas tenho notado nesses 35 anos de pós-25. O risco, a tenacidade, a organização, os zzzzz-zzzzzzz's e os objectivos dumas são diferentes da esperança, do lirismo e das alianças das outras.
Daniel,
Não é ironia e foi bom quereres falar no assunto, porque era a minha questão subjacente a toda esta minha colaboração aqui. E para além disso, eu perguntava-me: Será que o Daniel está consciente que está a fazer propaganda governamental?
Eu, como leitor, e considerando que tens calo calejado nestas andanças, diria que sim; mas nunca se sabe.......
Agora, vamos ao assunto. Sabes melhor do que eu que a publicação dum trabalho tem o seu "timing" quando se trata duma crónica, opinião, coluna, etc.
Pois se sabemos que onde vivemos há uma imensidade de problemas de todo o género, desde a pobreza até ao desemprego, incluíndo a Terra dos Bravos, eu acho que trabalhos de enaltecimento nesta altura servem para desviar a nossa atenção daqueles problemas ou vangloriar a ordem estabelecida, com o presente poder político à cabeça.
Ó Brian
Mas o amigo já parou um bocadito que fosse, para pensar.
Por acaso já leu, do Daniel, " A Terra Permitida" " O Pastor das Casas Mortas"" Sobre a Verdade das Coisas", onde essas verdades que de modo insano o Brian procura,estão por lá da primeira à última linha?
Já leu" Um Deus à Beira da Loucura" " A Longa Espera" " As Duas Cruzes do Império" " E Deus Teve Medo de ser Homem" onde o autor, para quem o conhece de verdade, até se vai questionando a ele próprio para dar-nos verdadeiras lições de vida, e da vida
E de quem num livro que muito pouca gente conhece , dos tempos em que , por aí nos Açores quem não colocasse grades nas janelas , arriscava-se a ser imolado com alcatrão e penas, escreveu: " Já somos democratas/ Temos livres a fala e o voto/ E fazemos comicios / pela Liberdade dos outros( Se foi só para isso o maremoto/ Da multidão de Abril,/ Foi pra bem pouco).
Mesmo trazendo o seu avô à conversa, acha-se com moral ou força suficiente para questionar a integridade do Daniel perante tudo aquilo que o rodeia, incluindo essa de querer amarrar a sua criatividade aos timings politicos?
Acha mesmo que " Santa Maria, a Ilha Mãe" e agora o pre anunciado " Terra de Bravos" e tudo aquilo que o Daniel tem escrito apaixonadamente e com imensa criatividade sobre as suas ilhas, não mereceria ver a luz do dia, só porque o Brian o quer decretar?
Pemita-me que lhe diga com toda a amizade. Tenha juizo.
Manuel Estrada
Manuel,
Não questionei a integridade do Daniel, pessoal, literária, política ou ideológica. Nem ando aqui para questionar a integridade seja de quem for. Julgo que vou morrer sem acabar de questionar a minha, quanto mais a dos outros.
Mas que há uma diferença ideológica, claro que há. Essa coisa de saber "A Verdade das Coisas" parece-me mais o sintoma delas e não a verdade. Ai de nós todos nós, Brians e Manuéis, quando soubermos a Verdade das coisas.
Da mesma maneira, não tenciono decretar coisa alguma. Não tenho formação jurídica e se percebo alguma coisa deste planeta é fazer parafusos e tomar uns copos na loja do canto.
Não "amarrei" criatividade ao "timing", mas sim,"a publicação dum trabalho", o que podes confirmar acima. Criar e publicar são animais completamente diferentes.
O teu "Tenha Juízo" está muito simplificado. Não te importas de elaborar? Fiquei sem saber se era um conselho, um aviso, um puxão de orelhas, ou outra coisa do género.
Brian( não será tempo de te apresentares com o nome que teu pai te registou?)
Como bom discípulo de Derrida que te proclamas ser, deste-nos agora uma lição perfeita de como se deve desconstruir na perseguição de objectivos nobres.
Afinal recuaste ao teu âmago e concluiste por outras verdades. Que não questionaste o Daniel e reconheces que até tens muito de ti questionável( a percentagem real tu a dirás). Nem já queres decretar ou afixar alguma bula.
Depois andaste por aqui de comentário em comentário defendendo a legitimidade do povo que vai ficando anónimo na História( teoria que até é fácil de simpatizar). E verifico que afinal não leste nada de um escritor do qual tentas ser um critico impiedoso, denunciando quejandos oportunismos. Vai lá aos livros que te aconselhei e verás que pode não ser nada da tua verdade, mas está lá a realidade de quem a viveu, sentiu ou traduziu inteligentemente. Desse povo que tu dizes amar e talvez respeitar.Não brinques com coisas sérias, Brian. Daí o meu conselho no final do anterior comentário.
Para puxão de orelhas só seria de admitir se por acaso não tivesses já idade, como da maior parte dos comentadores deste blog, de ter vivido as teorias do Derrida quando elas emergiram dum Maio de 68 de todas as esperanças. Que se foram " desconstruindo" até aos dias de hoje.
E por último , registo o facto de voltares aos argumentos pequeninos : Criar, publicar,revoltas, revoluções, histórias e confabulações.Só gostaria que me respondesses ao que te questionei. O livro sobre Santa Maria e agora o da Terceira, onde é que são ou servem de panegíricos a governos ou politicas ou ideias parvas? Devem ou não serem publicados, como coisa preciosa sobre a História e a Memória dos Açores?
Sobre parafusos e tascas não queiras ficar com os louros sozinho, meu amigo. O meu pai era segeiro/ ferreiro / carpinteiro e tasqueiro nas horas vagas. Com um filho único e seu ajudante por inerência e necessidade.
Portanto, bebe lá um copo depois de utilizares a tarraxa para os seus melhores fins. E se quiseres faz lá uma saúde, que não serei eu a escusar- me
Manuel Estrada
Venho arredia do contexto, mas:
Brian - eu não tenho blog. Só tenho inscrição para poder vir aqui...Não tenho pachorra p'ra isso. Já tenho poucos anos de vida e não quero obrigações. Quero, como aqui, ser bem recebida pelos melhores Amigos do mundo (bem recentes e bem coesos, porque não nos desperdiçamos e porque nos gostamos!);
Daniel, meu querido Daniel, falaste-me da escravatura e só me lembro desta malta nova, incluindo a minha filha, que, trabalhando por turnos, não tem tempo para comer (não os deixam ir comer!) porque, se não cumprirem os objectivos, vão para o olho da rua - contratos mensais!!! Ganham miseravelmente e não têm expectativas. Pelo jantar de Natal a administração elogiou o trabalho de todos, falou dos fantásticos lucros. Acho obsceno falar-se em lucros fabulosos a malta que recebe quase o ordenado mínimo, dá o corpo ao manifesto e àmanhã vai para o olho da rua, porque não os querem empregar, querem apenas usar. Ao fim de 6 meses de desemprego, começa tudo de novo, no mesmo trabalho, os mesmos contratos...
Como podem sonhar? Como podem viver? Como podem programar a sua vida? Já não podem engravidar. Se quiserem filhos têm que os adoptar...
E isto não é uma NOVA ESCRAVATURA?
Beijos plenos de maresia, p'ra ti Daniel (a Mercês faz anos hoje!)
Daniel,
Desculpa a «interrupção»,mas a nossa Mercês,a nossa mana délfica faz anos hoje.A Acrópole «festejou-a».
Voltarei aqui para te ler.
Abraço forte.
Já fora de horas, deixo uma abraço imenso à Mercês. O jantar e o serão com o meu filho, a namorada, um sobrinho por afinidade e uma sobrinha mais uma sua amiga arredaram-me do computador. Mas claro que à Mercês só posso desejar tudo o que de melhor haja na vida e na Graciosa, que é do melhor que há no Mundo.
Um grande abraço, Mercês!
Do sempre teu indefectível amigo Daniel
Manel
Os grandes espíritos são assim. Tanto poderias ser um excelente médico, como és, como um advogado imbatível ou fosse o que fosse por que te empenhasses.
Brian
Com um pouco de boa vontade, ou talvez de má vontade, até poderias ver nestes textos uma crítica subentendida ao governo que temos. Basta reparares que falo sobretudo da Praia que foi, e não da Praia que é. Percebeste ou tenho de explicar melhor?
Samuel e Daniel
Um desafio( que penso ter o apoio generalizado dos confrades deste blog).
Que tal um dia encontrarem-se, juntando o poema à voz, naquilo que os dois fazem com superior excelência.
Manuel Estrada
O Brian perdeu o fôlego ou foi passar o carnavel de verão à Madeira.
Daniel
Recebido o abraço, sem prazo, mas com apreço.
Acesos alguns comentários e virulentos!
Aproveito a deixa dos penúltimo, subscrevendo o desafio do "casamento" entre texto e voz, tal como propõe MaesDoc.
Brian, a falange de apoio do Daniel tratam-te como se fosses um impostor. Deu-te algum ataque de asma?
Manuel,
Aos fins-de-semana eu tenho um "part-time" no Cantinho do Tanino, ali prós lados da Calheta. Começa na sexta pela noitinha e acaba no domindo antes do noticiário. Não chamo"part-time" porque são poucas horas, mas porque o processo de produção tem muitos intervalos. Aquilo às vezes lembra-me a Luiza da Calçada da Carriz, mas em vez de "sobe que sobe.....larga que larga" é o Jaquim a
"Enche que enche" e eu
"Vaza que vaza...vaza que vaza.
Mas já li os comentários. Como será que eu vou conseguir uma falange de apoio?
Amigos,
Peço um favor a todos os que aqui vêm, por bem. Deixem os provocadores falar e não dêem resposta, está bem?
Um abraço para todos.
A Ibel está a decepcionar-me. Pedi-lhe que me esclarecesse uma dúvida e até hoje nem carta nem mandato.
Será que preciso de citar as 1127 páginas da Gramática da Língua Portuguesa de Maria Helena Mateus para lhe provar que ela afinal está enganada?
A ver vamos!
Manuel,
Já que insistes,
"Uma ilha grande, fechada, que durante muito tempo só se abriu para deixar sair gente. A única mensagem de libertação que lhe chegava estava gasta por quse dois mil anos de interpretações acomodadas, salvando os pobres numa redenção de mortos, e garantindo aos ricos a felicidade eterna pelos lugares nos primeiros bancos da igreja e pelas varas do pálio nas procissões anuais." De certeza que não fui que escrevi isso e todo o livro é um tratado sobre a ilha e o seu humano que eu nem me atrevo a falar.
Manuel,
Sobre o meu nome de registo, e que me perdoe o Daniel, mas tenho que mandar.
"Chamo-me João Fernandes Cabral, e fugi de meus pais numa nau que ventos de feição em poucos dias fizeram aportar aqui A ilha verde, solene...........
Mas acabei fazendo desta terra a minha terra. Os paus da minha casa, cortei-os eu; e amassei o adobe; e arranquei o colmo. Um pedaço da ilha tornou-se meu, ao menos pelo trabalho. Ao menos pelo sofrer."
E acabo assim "Sobre o céu da ilha, soara a primeira trombeta do Apocalipse."
Não acredito que sejas uma das 555 pessoas que conhecem o João Fernandes Cabral. Chama aí o Daniel e pergunta-lhe quem é ele, porque ele conhece-me melhor do que eu.
Margarida,
Sobre os teus últimos comentários,a escravatura, cito as tuas próprias palavras do dia 16:
"Você pensa que pode mudar este estado de coisas? Desengane-se. Náo muda, nem nunca vai mudar o curso da História, nem da mente humana..."
Pois é assim querida, é terrivel quando perdemos a tenacidade e a direcção da luta. Olha, a escravatura foi uma invenção tal e qual como o racismo, o feminismo, e assim por este rio acima, como diz o poeta-cantor. Eles inventam esses nomes conforme as épocas, mas a raíz é sempre a mesma e tem um nome que eles odeiam mencionar mas adoram-no: A exploração do homem pelo Homem.
Sobre o snobismo. Sim, aquela fotografia muito riquinha e depois o facto de teres sido uma coisa e agora não seres, desculpa-me lá, cheirou-me a snobismo.
Vê como o capital argumenta contra o salário mínino e ao que chamas "Nova Escravatura": Bem meus senhores, cada um deita-se na cama que faz; nem todos podem ser presidentes da república, Cristianos Ronaldos e Belmiros de Azevedo, mas a possibilidade estava lá. Não é quem não quer.
Minha amiga, isso não vai com cravos!
Daniel,
Numa coisa já concordamos. É que por mais literário ou histórico que um trabalho possa ser, ele tem uma faceta de intervenção e de responsabilidade social, pois como dizes, esse teu pode até ter uma crítica ao governo. Claro que os autores, por mais que não queiram, não estão acima da sociedade onde vivem mas inseridos nela.
Acontece que o enaltecimento dos "grandes feitos históricos" é apanágio das forças estabelecidas, e quanto mais estas corruptas forem...mais apelam para os "seus valores históricos".
Oxalá que eu nunca veja, mas o teor das tuas publicações mudará quando o governo for laranja.
De muitas vitórias sobre as circunstâncias da sua geografia se fez esta ilustre Praia cuja história,aqui tão bem descrita pelo Daniel,é também um pouco a história dos Açores,terra de beleza e sofrimento.
Ibel, tens razão, mas o suposto Brian SA merece que eu o remeta para os arquivos da Biblioteca Pública ou dos jornais "Açores", "Correio dos Açores" e "Açoriano Oriental", e repare em coisas escritas desde 1964, quer como Augusto de Vera Cruz, quer assinando D.S., quer com o nome de baptismo. E, se Deus nos der vida e saúde e não tanta ao PS, veja o que escreverei se este adoecer na oposição.
Eduarda
Apesar disso e muito mais, o povo da Terceira é considerado o mais feliz de Portugal.
João dito Cabral
"...Indo eu, indo eu , na falange do Viseu ".
Não queiras ser tu falangista pois aqui toda a gente é franca demais
para ser caixa de ressonância do que quer, ou de quem quer que seja.
Pois, com nome de um dos Cabrais de Belmonte e Senhor de Azurara, irmão do achador do Brasil, tenho a certeza absoluta que te consegues impor só por ti.
Fico contente que coloques aqui parte da primeira página , do primeiro dia da " Ilha Grande Fechada". Tenho que reconhecer que, afinal, tens bom gosto. E acredito que não foi pelo " herói" se chamar também João( se realmente é esse o teu nome). E olha que quem escreveu assim também se atreveu a dizer por lá que " sair da ilha é a pior maneira de ficar nela". Em todos os sentidos.
Sobre o teu trabalho de fim de semana, provavelmente a recibo verde, para não fugires aos impostos( ou então é simples trabalho comunitário). Já que tiveste necessidade de falar dele, misturado com outras metáforas, olha que o Gedeão o que nos trouxe foi a Calçada de Carriche, que nos tempos que correm já se sobe muito mais facilmente, de quem vem fugindo dos saloios.
Manuel Estrada
cabral:Daniel de Sa merece bem a tua inveja,sou solidario contigo.Tem paciencia disfruta a sua escrita.Caro, este homem esta por cima dos partidos politicos outros estao la ou por baixo esprando vez
E aqui estou de novo em Lisboa (vida de reformado é uma rica vida!!!), feliz da vida por poder andar dum lado para o outro, com eira e com beira e poder dizer a, não sei o nome: GRAÇAS A SI DESCOBRI QUE SOU SNOB!!!
Engraçado, não é que estou gostando!?!
Oh, homem, ser a primeira arquitecta nada e criada nos Açores, não é p'ra qualquer!
Deus Nosso Senhor dotou-me de muita coisa boa. Acima de tudo a capacidade de descobrir, me encantar e de amar os melhores Amigos do Mundo. Sou uma mulher plena de graças!!!!
Sou snob? Adoro ser snob!!! E tenho motivos p'ra isso. Também não é p'ra qualquer um...
Brian, eu não percebi, em que sentido é que poderia mudar o teor das publicações do Daniel, com um governo laranja.
Confesso que fiquei confuso, por desde sempre constatar uma linha de coerência, inquestionável, no discurso do Daniel, independentemente de qualquer cor governativa, isto com alguns custos, bem pesados num passado ainda relativamente recente e ainda com alguma repercursão no presente. Eu julgo que o Brian, conheceu bem este percurso, pois também foi protagonista no mesmo e com tratamento semelhante.
O que me confundiu em relação ao Brian que eu julgo conhecer, foi o lapso (voluntário?) da »Estrada de Carriz» que só seria possível depois de muitos «enche que enche , vaza que vaza»
Vamos lá a ver!
Quem souber ler Daniel, verá que sua escrita é como a pincelada dum artista: é identificativa do seu autor. Como qualquer obra de arte, ela perpassa os tempos , modas e status políticos.
A escrita de Daniel nunca será moda, porque, graças a Deus ela não é mutável nem fútil p'ra ser moda e por isso nunca passará de moda. Ela é perene. Ela não precisa da ajuda (positiva e/ou negativa) para sobreviver. Ela basta-se a si própria!
O problema do "Brian" é não "poder ver uma camisa lavada a ninguém". É um homem mal resolvido. Ele precisa de ver defeitos nos outros, para se poder valorizar.
"Brian":
Porque é que você é invejoso? Foi uma criança com dificuldades afectivas? E sabe porque digo isto? Porque aqui, no Espólio, você tem estrebuchado tanto para dar nas vistas...só que de maneira soez. Tenha tento, homem!!!
Brian,
Isso não é quer dizer que és do Canal Suez.
Isso quer dizer que és um ordinário, um ignorante, um imundo.
Não estás a sentir o corpinho todo negro de tanta pancadaria?
Mar de Bem, se o Daniel quisesse ser um escritor de moda, ele hoje andaria facilmente no topo. O que o impede a não seguir por um caminho mais fácil, mais visível e muito mais lucrativo, é precisamente a maneira como usa a coerência em todos os actos da sua vida. Claro que isto tem um preço, bastante elevado, perfeitamente assumido por ele e é por isso que me custa ouvir alguém dizer que o teor do seu discurso poderia ser flutuável circunstancialmente, por motivos que não fossem, exclusivamente
da sua própria maneira de agir.
JV,
Para bom entendedor, meia palavra basta!
Peço-te desculpa se fui longe demais, mas acho que o aparar de certas limalhas ideológicas é sempre saudável.
Não percebi a "Estrada da Carriz".
Daniel,
Talvez não acredites, mas eu não preciso de ir à Biblioteca Pública. Tenho aqui em casa arquivado todos esses teus trabalhos, bem como da maioria dos escritores micaelenses que colaboraram esporadicamente nos jornais ou revistas açorianas.
Era eu numa mesinha e o Hugo Moreira noutra, com a paciente e dedicada senhora Marta a sofrer-nos, até às dez horas da noite.
Obrigado por esses bocadinhos e por nunca teres pedido ao Rodrigo para eliminares qualquer dos mesus comentários.
Senhor Manuel Estrada,
O João Fernandes Cabral é o "personagem" dum trabalho do Daniel que veio a lume numa pequena colectânea de autores açorianos. O livrinho teve uma tiragem de 555 exemplares e foi baptizado "Café com Letras / Na Tabacaria Acoriana".
Já agora, transcrevo o trabalho de Carlos Faria.
"A ilha é um cão sentado no ma, disse o homem sem rosto. A ilha é o que sobeja dum grande tédio ao fundo dum abismo!
A ilha é o teu rosto, a ilha és tu minha rosa azul, disse o poeta com todas as suas mãos cheias de viagem!
A ilha é o lugar: barco, mar, ou viagem!
Na ilha toda a viagem é de viagem!
São Jorge: a ilha está em todo o lado!
São Jorge responde: E em toda a parte!
Os pássaros da Fajã Grande são tão aéreos que parecem ondas e tão terrestres que lembram raízes com asas!
Margarida,
Sabes que "soez" é uma palavra de origem castelhana?
Xissa, não precisavas de ser tão castelhana!
A primeira açoriana arquitecta foi Maria Luíza Drummond, formada em 1936. Não sei precisar o nome da escola, e que já mudou de nome não sei quantas vezes, mas sei que foi Valença.
Amigos
Creio que podemos dar por encerrado um debate de ideias que valeu a pena. Uma vez mais se provou que, nos blogues, muitas vezes o melhor é o que aparece nos comentários. Por exemplo, aquilo que a Margarida disse da minha escrita, e que me envaideceu, serviria muito bem para pôr em letra grada numa contracapa.
Já aí vem o amigo João Ângelo para nos calar a todos...
Abraços.
Daniel
Brian, o que realmente quis dizer com «Estrada de Carriz» (deveria ter escrito como o fizeste «Calçada de Carriz»), foi, que este lapso só poderia resultar do Brian que julgo conhecer, o ter escrito assim propositadamente, ou então o ter feito no ou após «enche que enche...vaza que vaza», pois não o poderia ter feito de outra maneira.
Alto lá, o Daniel (pai para mim, Daniel para vocês), nunca me pediu para apagar nada. Apenas ditou as regras uma vez "desde que a linguagem não seja indecorosa deixa estar". Já não preciso de mais nada. Na primeira classe também era asssim: fazia-me distraído, mas apanhava tudo à primeira.
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